O DESVIO DA
RETÓRICA ....
... OU, PIOR DO QUE
ESTÁ, FICA SIM
“Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão”
...
Acender as velas- Zé Keti- 1965
“Um povo
que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”, já dizia Edmund Burke (Dublin, 12
de janeiro de 1729 — Beaconsfield, 9
de julho de 1797)). Assim vejo os 30% dos brasileiros que,
segundo tem divulgado determinados sites, preferem a volta do Regime Militar.
Saudade
é uma palavra que só existe na língua portuguesa- ok, isso já foi comentado exaustivamente
nos últimos anos, mas, como defini-la? Como expô-la? Como traduzi-la?.(saudade)....
Entes
e amigos próximos de pessoas recém falecidas definem a SAUDADE de uma forma, o
personagem (real) de um relacionamento
há pouco acabado, de outro. O ex milionário diz ter saudade do dinheiro que
tinha. Poetas dizem ser possível ter saudade daquilo que nunca se teve...
O “mudar
para ver como fica” talvez seja o sentimento (muito das vezes saindo da inércia
do SENTIR para a aplicabilidade do FAZER, inclusive) mais duro que alguém pode
conceber. É um sentimento de mais pura preguiça e morte de propósito e do contra-
argumento que tenho visto.
Ainda no primeiro semestre deste tenso ano,
quando a idéia de um impeachment presidencial começava a ganhar maior popularidade, o argumento (ou a
falta de) de determinadas pessoas era este: “o de mudar para ver como fica” (...) E
de fato mudou. De acordo com a opinião de cada um, esta mudança foi para melhor
ou para pior (o sentido deste parágrafo não é fazer este julgamento).
Os mais
de 62 milhões de brasileiros (os mesmos 30% falados acima) que dizem optar pela
volta de uma intervenção militar, podem ter, é claro, o seu motivo, a sua justificativa
embasada. Porém, tenho um tremendo “pressentimento” (sim, usarei este termo) de
que boa parte destas pessoas que preenchem este um terço de brasileiros que
querem a volta das forças militares como poder central e absoluto em
contrapartida ao Regime Democrático atual, provavelmente não saibam que tal
medida, feita de forma “planejada” e “organizada” como queiram, soe, no mínimo,
paradoxal, uma vez que, como prevê o artigo 142 da nossa Constituição:“as
Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem."
Além do
meu (já disse) pressentimento sobre esta falta de conhecimento que traz, para
estas pessoas, toda esta confusão conceitual, há ainda, um pressentimento ainda
mais pungente à minha tolerância, que é o fato de achar que “a vontade que o
exercito invada tudo e tire estes ladrões de Brasília “...(sic) seja por causa da saudade
daquilo que não se viveu (por causa da
tenra idade de muitos destes 62 milhões), ou da saudade daquilo que não se
lembra mais como era (mas, na época em que tudo acontecia, queria,
desesperadamente, que tudo aquilo- a DITADURA- acabasse...e olha, demorou 21
anos para acabar), ou, pura e simplesmente por levarem a sério demais o que
disse um certo palhaço (na acepção real da palavra) dublê de político: “pior do que ta não fica”- ah, mas fica. E Muito-
ou, ainda, quem sabem, assim como falavam (mas,esqueceram disso, pra variar) na
época que apoiaram o impeachment, e estão falando
novamente agora:
- “MUDAR PARA VER COMO FICA”